Assusta-me a forma como o futsal vem sendo abordado, sobretudo na infância. Temos visto aos montes competições realizadas para este publico. Treinadores, dirigentes e pais colocando uma responsabilidade excessiva sobre frágeis ombros de 6, 7, 8 ou 9 anos.
Na beira da quadra o treinador, já rouco de tanto gritar, exige a todo instante um posicionamento que julga adequado, visando buscar a vitória, certamente o único objetivo naquele momento. Quando não muito, possui um auxiliar, anotando o número de finalizações, passes certos e errados, enquanto 2 ou 3 garotos, sentados no banco de reservas, aguardam ansiosos seus momentos de entrarem na partida, oportunidade que, provavelmente, só terão caso a mesma já esteja ganha.
Tudo isso para mostrar o trabalho que está sendo feito nas categorias de base, já que, uma equipe com muitos títulos conquistados consegue aumentar o número de matrículas e talvez, aumentar a arrecadação com patrocinadores.
Impressionante como a forma de atuar destes “profissionais” é capaz de iludir até mesmo os pais que, pensando estarem fazendo o melhor e garantindo o futuro dos filhos os submetem a metodologias ineficazes de treino. O problema é quando estas metodologias ineficazes passam a ser prejudiciais, comprometendo o desenvolvimento da criança.
Lembro-me com perfeição de um pai, que um dia se aproximou para comentar, todo orgulhoso que havia levado seu filho, de 10 anos, para participar de um “teste” em uma equipe da qual o treinador, após procurar-lhe pessoalmente, dirigindo-se até sua casa, prometeu-lhe levar seu filho para participar de um campeonato federado. Perguntei-lhe, então, o que ele havia achado do treino e como tinha sido o processo, obtendo a seguinte resposta: “O treino foi bom. Primeiro ele mandou os meninos correrem em volta da quadra para aquecer. Depois fez uns 30 minutos repetindo passes. No final ele os deixou jogar uns 15 ou 20 minutos. O treinador falou que os garotos têm que estar com a ‘resistência’ boa para agüentar os jogos da federação”.
Quero manifestar-me contrario a esta conduta de treinamento. Existem diversas metodologias em treinamento de futsal. Todas elas com suas particularidades, positivas ou não, mas exigir que crianças de 10 anos, corram ao redor da quadra como forma de aquecer, ou repitam o gesto técnico de um determinado fundamento da modalidade por um período de tempo além do necessário à experimentação, nesta faixa etária é simplesmente um absurdo.
Não estou aqui dizendo aos pais que não ofereçam oportunidades aos seus filhos. Muito pelo contrário. Porém que o façam de forma segura, tanto para eles como para os próprios filhos. Que busquem informações, questionem realmente os treinadores ao final do treino para saber o objetivo daquela aula e quais os efeitos que causará em seus filhos. Infelizmente, existem pessoas que se intitulam treinadores, mas que, porém, nem ao menos possuem formação específica para tal.
Fica, portanto, o alerta. Não há idade correta para que a criança inicie no futsal, desde que a mesma esteja supervisionada por um profissional competente, que saiba respeitar os limites específicos de sua faixa etária, tendo paciência, ao lado dos pais, para colher, no momento oportuno, os frutos que o esporte proporcionará ao aluno não somente no futsal como também, e principalmente, na vida. Enquanto isso não ocorre, deixemos o futuro craque ser “apenas” criança...
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