Futebol: esporte de extremo contato físico |
Chamamos de lesões as alterações, traumas ou ofensas à
integridade física. Em alguns casos estas lesões podem afetar, além do físico, também a parte psicológica do individuo.
Considero importante esclarecer, de inicio, sempre que
abordo este tema, que não considero correta a denominação “lesões
desportivas”. O que existem são simplesmente “lesões”, que podem ou não ocorrer em consequência da atividade
esportiva.
Fratura |
As lesões mais comuns em atletas são as contusões, ocasionadas por
traumas (impactos) diretos, as distensões,
que é o alongamento músculo-tendíneo excessivo, as rupturas, que é a perda da continuidade musculo-tendínea, a tendinite, que é o processo
inflamatório dos tecidos (tendões), os entorses,
que são as lesões nos ligamentos e membranas interósseas por meio de torção,
giro ou rotação, as fraturas,
que podem ser a ruptura ou quebra de um osso e a luxação, que é a perda de
contato entre a extremidade óssea e a superfície articular. Além destas, outras
lesões muito comuns no meio esportivo são as conhecidas e incômodas bolhas e calos. Portanto as lesões classificam-se em músculo-tendíneas,
articulares e ósseas.
Não há como dizer que uma determinada lesão é mais ou menos
grave que outra. Isto porque as lesões possuem graus, ou seja, quanto maior o
grau de uma lesão, mais grave ela será. Esta classificação pode variar para
cada uma delas.
Fratura com Luxação |
Para exemplificar o grau das lesões, lembro-me de um de meus
atletas que queixava-se de dores no joelho para não treinar. O mesmo, alegando
ter procurado seu médico particular (e mentindo) após
minhas solicitações sobre a opinião do médico sobre sua lesão no joelho,
disparou: “– O médico disse que não é
nada grave... Apenas uma luxação...!”. Meus amigos, uma luxação no joelho seria
grave e este atleta não estaria conseguindo sequer andar daquela forma.
Existem dois tipos de lesões: agudas e crônicas. Lesões
agudas ocorrem repentinamente durante os jogos ou exercícios e podem ser
luxações, entorses, fraturas, distensões etc. Geralmente apresentam inchaço
local, dor intensa, incapacidade de movimentar ou suportar peso no local etc.
Ruptura total de ligamentos: comprometimento de diversas estruturas |
Já as lesões crônicas, que geralmente requerem um tempo
maior de tratamento, ocorrem, na maioria, pela prática do esporte ou exercício
por um período prolongado, por vezes com dor. Os sinais, entre outros, são dores
durante o exercício e inclusive em repouso, além de inchaço.
Na verdade o atleta de alto rendimento acaba se
acostumando a conviver com as dores das diferentes lesões. É muito raro encontrarmos
algum atleta de alto nível que não treine ou jogue com alguma dor e é
exatamente por isso que dizemos que o “esporte
de alto rendimento” não é tido como saudável (unicamente), já que, sem
poder dispensar a atenção ideal à esta dor, pode ter seu quadro agravado.
Ao contrário do esporte de alto rendimento, porém, a prática de exercício físico regular, traz
inúmeros benefícios à saúde e é
essencial para o bem estar de todos os indivíduos, independentemente da idade, sexo,
estatura ou profissão.
Fratura com Luxação |
O futebol é, sem dúvidas, hoje, um dos esportes que mais
lesionam seus praticantes. Aos praticantes de “final de semana” estas lesões podem ocorrer devido a diversos
fatores, entre eles, campos com gramados inadequados, com buracos e
irregularidades, condicionamento físico inadequado, falta de informação ou
orientação inadequada, materiais esportivos inadequados, entre inúmeros outros
fatores, tal como as próprias características físicas e genéticas do indivíduo.
Já nos atletas profissionais, além de terem de enfrentar os mesmos problemas
que os jogadores “amadores”, outro
agravante é a altíssima intensidade e volume em que este esporte é praticado
atualmente, seja nos jogos ou treinos. Assim, explica-se o fato de que as
maiorias das lesões nos praticantes de futebol se dão nos membros inferiores,
sendo as mais graves nos joelhos e tornozelos.
Após a década de 70, principalmente, com a evolução da
preparação física, em consequência dos avanços das ciências do esporte, o
futebol passou a ser jogado de forma cada vez mais intensa. Para que se tenha uma
ideia, um jogador de futebol profissional chega a correr em média 9 a 11 km em
90 minutos e isto em altíssima intensidade, com mudanças bruscas de direção,
paradas e deslocamentos. Soma-se a estes fatores a força física, cada vez
maior, dos jogadores que chegam a pesar acima dos 80 a 90 kg disputando a mesma
bola para defender cada um os seus interesses. Resultado: Lesão!
Fratura por estresse |
Por isso é importante que os praticantes desta modalidade
se preparem realmente. Façam os trabalhos de prevenção e fortalecimento
muscular com preparadores físicos e fisioterapeutas, a fim de prepararem-se
para os jogos e treinos. Também por este motivo dizemos que os “atletas de final de semana” acabam se
expondo ao jogarem o futebol sem prepararem-se adequadamente. Esta preparação
pode ser feita na própria academia de musculação, com o educador físico responsável
pelo local. Na academia o praticante de futebol pode solicitar ao seu
preparador que lhe indique um treinamento de flexibilidade, fortalecimento e
cardiorrespiratório, voltados à prática deste esporte. É imprescindível que
este educador físico seja credenciado junto ao CREF, órgão de classe
profissional.
Enfim, seja por conta dos diversos riscos existentes devido
a busca pela excelência no futebol de alto rendimento, ou pelo simples prazer
em praticar a modalidade nos atletas de final de semana, o importante é que o
desportista tenha consciência de que a prevenção é o melhor cuidado a ser
tomado, afinal de contas o único grito que queremos ouvir não é o de dor, mas
sim de gol! Forte abraço...
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