A ATUAÇÃO DO GOLEIRO APÓS AS MUDANÇAS NA REGRA DO FUTSAL

ATENÇÃO LEITORES: ESTAS REGRAS SOFRERAM ALTERAÇÕES. CASO QUEIRAM CONSULTAR AS ATUALIZAÇÕES NAS REGRAS PARA A TEMPORADA 2013, VISUALIZE A POSTAGEM REGRAS DO FUTSAL 2013: ALTERAÇÕES, MOTIVOS E COMENTÁRIOS CLICANDO AQUI.

Dentre todas as mudanças na regra, certamente a que chama mais a atenção é com relação ao goleiro. Segundo a FIFA – Federação Internacional de Futebol – as mudanças com relação ao goleiro se deram com o intuito de diminuir a valorização excessiva da bola, por parte da equipe que estava ganhando o jogo e utilizava-se do “goleiro-linha” para ficar tocando a bola, deixando o tempo correr.

Certamente o nível técnico do futsal mundial será elevado com as alterações. Será mais difícil jogar o futsal. Mas temo que estas mudanças, na mesma proporção que eleve o nível do futsal profissional, regridam a qualidade técnica do futsal amador. Digo isto, pois suspeito que veremos, cada vez menos, a utilização do goleiro linha no futsal amador.

Acredito que, com as novas regras, teremos duas formas bem distintas de se jogar o futsal. Uma delas será o futsal tático, estratégico, possível de ser apresentado pelas equipes de alto nível, ou seja, por aqueles que treinam diariamente e que mantém uma estrutura de profissionalismo. Penso que as chamadas equipes “pequenas” terão ainda menos chances quando jogarem com os chamados “grandes”, de “camisa”, já que, para estes, a regra pouco mudou.

A outra forma de jogar o futsal será apresentada no nível amador, principalmente. Um futsal vibrante, guerreiro, porém, com jogadores que necessitam trabalhar durante o dia e treinar, vez ou outra na semana, à noite. Estou quase certo de que estes times encontrarão algumas dificuldades em jogar com as novas regras, sobretudo quando estiverem em desvantagem no placar.

Até pouco tempo atrás, era possível observar, sobretudo no interior, confrontos envolvendo equipes profissionais, contratadas para representar um município, por exemplo, sofrendo para conseguir um resultado positivo sobre outra, visivelmente menos preparada. Em 2011, os chamados “pequenos” terão maiores dificuldades em suportar o nível técnico dos “grandes”. Talvez um pouco menos se jogarem em quadras menores de 30 metros de comprimento, mas ainda assim terão.

Afirmo que, com as mudanças em sua regra, o futsal mudará muito e pouco ao mesmo tempo. Sim, se analisarmos as partidas da Liga Nacional 2010, por exemplo, com quadras de 40 metros de comprimento, veremos que as equipes, quando optavam em atacar com o auxilio do goleiro, já faziam com o mesmo no campo de ataque, tamanho é o comprimento das quadras. Para estes, a regra continuará praticamente a mesma.

Diferentemente do futsal amador, com quadras de 30 metros ou menos. Além de serem menos treinadas, dificilmente poderão usufruir do goleiro para atacar. Não haverá espaço para isto.

Relembro que, com a nova regra, estando na quadra de ataque o goleiro poderá receber a bola, com os pés, normalmente.

Porém, se após já ter recebido 1 (um) recuo ou ter colocado a bola em jogo, seja com os pés ou com as mãos, o goleiro voltar a receber a bola de um companheiro de equipe, em sua meia quadra de jogo, sem que um adversário tenha tocado na bola, será considerado tiro livre indireto. Contudo, a regra diz que, será infração caso este recebimento seja feito de forma intencional por um companheiro de equipe, o que certamente trará algumas polêmicas. Ou seja, será a interpretação do árbitro que determinará se foi recuo ou não.

É exatamente por este motivo que a forma de jogar com o goleiro linha tradicional será dificultada, pois o goleiro não poderá mais ficar próximo ao meio da quadra articulando as jogadas. Deverá posicionar-se na quadra de ataque, caso queira receber mais passes. Esta mudança exigirá que o goleiro especialize-se ainda mais nos chutes e passes, pois caso seja requisitado uma única vez, esta deverá ser efetuada com precisão. Não poderá ser desperdiçada.

Outra situação diz respeito ao recuo da bola para o goleiro, com a cabeça, peito, joelho, etc. Caso o jogador de linha levante a bola intencionalmente (novamente a interpretação do árbitro) para devolvê-la ao goleiro com estas partes do corpo e o mesmo a pegue ou a toque com as mãos, será considerado tiro livre indireto.

O parágrafo anterior fez-me lembrar de uma jogada ensaiada que vi ha um tempo atrás, em uma partida válida pela categoria sub-15. A jogada era desenrolada a partir de um lateral na quadra de defesa, próximo à área. Posicionavam-se próximo ao cobrador do tiro lateral, um outro jogador de linha e mais o goleiro. O cobrador levantava a bola na altura da cabeça do outro jogador que a recuava, cabeceando-a, para que o goleiro segurasse-a com as mãos. Assistindo a toda esta cena, os ingênuos adversários esqueciam-se do pivô deslocando-se nas costas da marcação e recebendo o lançamento das mãos do goleiro para fazer o gol de cabeça. Fizeram dois gols desta forma. A partir de janeiro, este criativo treinador não poderá mais usufruir deste subsídio.

Para que fique bem claro: para que o goleiro possa receber em devolução a bola de um companheiro de equipe em sua quadra de defesa, somente no caso de a mesma haver tocado em um adversário ou no caso de nosso querido árbitro considerar esta devolução como involuntária.

Hoje é comum vermos goleiros especializando-se nos chutes. Aliás, temos bons goleiros-batedores. Não é raro vermos goleiros cobrando tiros livres, de modo geral. Por este motivo a FIFA recomenda, na regra 13 – TIROS LIVRES – que, caso o goleiro, após ter cobrado um tiro livre e a bola ter entrado em jogo, e o próprio goleiro volte a tocá-la com a mão, antes de outro jogador, será tiro livre direto e uma falta cumulativa, caso seja feito fora da área, e tiro livre indireto, se for dentro da área.

Com relação aos recebimentos de bola, pelo goleiro, vindas de cobranças de tiro lateral. Seguindo o mesmo princípio do arremesso de meta, já que a bola partirá do goleiro, caso o mesmo (goleiro) cobre o lateral em sua meia quadra de jogo, ele não poderá receber a bola novamente, em sua meia quadra, antes de a mesma ter tocado em algum adversário. Caso o lateral seja cobrado por um companheiro de equipe, o goleiro poderá receber a bola uma única vez em sua meia quadra.

Na situação de o goleiro receber, em sua meia quadra de jogo, a bola de um companheiro e for de posse de bola para a quadra de ataque, ele (o goleiro) não poderá retornar com a bola para sua quadra de defesa, antes que a bola toque em um jogador adversário, caso contrário será considerado tiro livre indireto. Já no caso de o goleiro receber a bola no ataque, poderá retornar para a defesa, desde que respeite o tempo de 4 (quatro) segundos na quadra de defesa.

Reparem que quando a regra diz “posse de bola” ela está se referindo à condução de bola e não ao passe. O que isto significa? Caso o goleiro faça o passe para um companheiro que está no ataque, corra para a quadra de ataque e receba a bola novamente, já na quadra de ataque, e volte de posse de bola (conduzindo) para a defesa, o lance será considerado normal. Recebendo a bola no ataque, o goleiro poderá retornar a bola para a quadra de defesa, seja com passe ou condução, quantas vezes for necessário. Somente no caso de ultrapassar a linha do meio da quadra carregando, ou seja, conduzindo a bola é que não poderá mais voltar para a defesa conduzindo a bola. Semelhante ao basquete...

Com esta alteração, talvez uma saída para o jogo com o goleiro-linha seja a utilização do “goleiro-ala”, conforme vimos na última postagem.

A única situação que a regra prevê a impossibilidade de o goleiro receber a bola de um companheiro de equipe, em qualquer parte da quadra, sem que a mesma tenha antes sido jogada ou tocada por um adversário é após o mesmo executar o arremesso de meta corretamente. Desta forma, após cobrar o arremesso de meta, o goleiro não poderá receber a bola de um companheiro de equipe, nem na quadra de ataque, sem que a mesma tenha sido jogada ou tocada por um adversário. Caso isto ocorra, a equipe do goleiro que recebeu a bola será punida com um tiro livre indireto a favor do adversário, no local onde ocorreu a infração, salvo se for dentro de sua área penal, onde a bola deverá ser colocada sobre a linha da área no ponto mais próximo de onde ocorreu a infração.

Na situação de o goleiro executar o arremesso de meta de forma incorreta, os árbitros determinarão que a cobrança seja repetida reiniciando a contagem dos 4 (quatro) segundos a partir dos segundos que já tinham passado, até que seja cobrado corretamente ou ultrapasse os 4 (quatro) segundos.

Com isto, espero ter tocado em todos os pontos inseridos ou alterados nas mudanças na regra do futsal, com relação ao goleiro e contribuído para sanar algumas das possíveis dúvidas de nossos amigos salonistas. Certamente teremos algumas dificuldades em adaptar-nos com as regras atuais. As partidas com os placares adversos serão mais difíceis de serem revertidas. Porém tenho a convicção de que nossos treinadores encontrarão meios para sobrepor suas equipes às dificuldades e criar alternativas para manter o futsal brasileiro no topo do mundo. Afinal o drible e a criatividade estão no DNA de nosso povo. Vamos esperar para ver, tenho certeza de que teremos interessantes surpresas.