"Você pode estar na melhor equipe... Se não se superar, não superará o adversário."

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

GOLEIRO-LINHA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.

CARO LEITOR: AS REGRAS DO FUTSAL PARA O JOGO COM O "GOLEIRO EM LINHA" SOFRERAM ALTERAÇÕES. CASO QUEIRA CONHECER AS ALTERAÇÕES PREVISTAS E RELACIONADAS AO GOLEIRO PARA A TEMPORADA 2013, VISUALIZE A POSTAGEM REGRAS DO FUTSAL 2013: ALTERAÇÕES, MOTIVOS E COMENTÁRIOS, CLICANDO AQUI.

Antes de iniciar as discussões sobre as mudanças na regra do futsal, sobretudo com o goleiro-linha, relembrarei algumas possibilidades de atuação do goleiro na regra que esteve vigente até o final do ano de 2010, para que possamos bem observar onde ocorrerão as principais mudanças. Este atleta, aliás, deverá se adequar, mais que todos, às novidades. É provável também que, das mudanças, esta seja a mais confusa.

Até o final de 2010 (e após passar por várias outras mudanças, desde o surgimento do futsal, por volta de 1940) o goleiro podia receber a bola de um companheiro de equipe quantas vezes considerasse necessário, desde que a mesma tivesse passado a linha demarcatória do meio da quadra, tocado em algum atleta adversário ou o próprio goleiro estivesse no ataque.
Desta forma, inúmeras estratégias táticas podiam ser adotadas durante a partida, utilizando-se do benefício de poder jogar com o goleiro, que cada vez mais vem sendo obrigado a especializar-se no jogo “com os pés”. Estas jogadas ocorriam, sobretudo no momento em que as equipes se encontravam em inferioridade no placar.
Esta estratégia é chamada de “goleiro-linha” e pode ser realizada pelo próprio goleiro, caso o mesmo possua um bom chute ou, principalmente, um bom passe ou, até mesmo, por algum jogador de linha qualquer, a critério do treinador, substituindo o goleiro principal, desde que esteja caracterizado diferentemente dos demais jogadores e com a mesma numeração, ou seja, com uma camisa diferente dos demais, porém com a mesma numeração em que estava jogando anteriormente.
Apesar de o “goleiro-linha” ser uma estratégia bastante comum no futsal, nos casos em que as equipes se encontram perdendo a partida, ela muitas vezes é adotada, por alguns treinadores, quando os mesmos estão ganhando os jogos, o que chamamos na linguagem do futsal de “cozinhar o jogo”.
Na jogada de “goleiro-linha” tradicional o goleiro (ou o jogador que está fazendo seu papel) posiciona-se próximo ao meio da quadra e atua como um articulador/armador das jogadas, distribuindo-as, principalmente lateralmente até que a defesa se canse ou ofereça espaços para a conclusão da jogada. Os outros quatro jogadores de linha movimentam-se no campo de ataque (Figura 1).


Figura 1 - goleiro-linha tradicional (setas vermelhas pontilhadas: deslocamento dos jogadores; setas brancas: principal deslocamento da bola).

Este procedimento tático requer um bom nível de treinamento e entrosamento da equipe que o executa, pois mesmo apresentando um jogador a mais na linha, com o intuito de valorizar a posse de bola, ou até mesmo de deixar o tempo passar, expõe ao adversário o contra-ataque ou o chute de longa distância, já que o “goleiro” está fora do gol. Caso perca a posse de bola, nesta situação, o ideal é que o goleiro desloque-se em direção ao seu gol, enquanto os demais jogadores adotam uma marcação ativa.
Porém existem algumas outras estratégias de “goleiro-linha” que podem ser adotadas de acordo com a característica dos jogadores da equipe ou até mesmo do adversário. Falarei de duas delas. Uma delas é a que prefiro denominar, juntamente com alguns outros treinadores, de “goleiro-pivô” (Figura 2).

Figura 2: "goleiro-pivô" (setas vermelhas pontilhadas: movimentação dos jogadores; setas brancas: principal movimentação da bola. Ao entrar em quadra, o goleiro desloca-se diretamente ao ataque).
 
Como o próprio nome sugere, nesta jogada o goleiro apresenta-se para jogar na posição do pivô, no campo de ataque, próximo ao goleiro adversário, com os outros quatro jogadores movimentando-se e oferecendo-se como opção de jogadas triangulares, chutes pelo meio oriundos do passe do “goleiro-pivô”, além de jogadas de linha de fundo, nas costas da defesa. Dois dos jogadores de linha devem posicionar-se próximo às linhas laterais e ao meio da quadra como “bola de segurança”.
Geralmente, esta situação é iniciada com um jogador (previamente determinado pelo treinador) que atuará como “armador”, segurando a bola na defesa, enquanto o goleiro “titular” sai para a entrada do “goleiro-pivô”. Esta é uma jogada muito útil, pois pode surpreender o adversário, que muitas vezes assusta-se ao ver o goleiro entrar na quadra e já correr para o meio da defesa adversária. Porém é necessário muito treinamento para que, caso ocorra a perda da posse de bola, cada jogador saiba o que deverá fazer para que a equipe não sofra o gol.
Uma das possibilidades para anulação da jogada com o “goleiro-pivô” é a marcação pressão do jogador que atuará como armador, no momento em que o mesmo receba a bola para iniciar a estratégia. Porém, caso o combate seja feito de forma equivocada, poderá abrir espaços no sistema defensivo, que certamente trará alguns prejuízos.
No caso de perda de posse de bola nesta jogada, o combate deverá ser ativo e imediato, inclusive pelo “goleiro-pivô” que estará no campo de ataque. Dobra-se a marcação no adversário que está de posse da bola, com os outros dois jogadores adiantando a marcação para pressão e um dos homens que atuavam como “bola de segurança” deslocando-se em direção ao gol, visando prevenir caso o adversário consiga investir em um chute de longa distância.
Outra situação é o que denominamos de “goleiro-ala” (Figura 3). Nesta formação o goleiro posiciona-se junto à linha lateral e próximo ao meio da quadra, já no campo de ataque e preferencialmente de forma que sua perna “dominante” fique voltada ao centro da quadra, ou seja, caso o atleta seja destro, deverá posicionar-se preferencialmente no lado esquerdo da quadra, já que a maioria de suas ações, como os chutes e passes, deverão ser realizadas com a perna direita.

Figura 3: "goleiro-ala" (setas vermelhas pontilhadas: deslocamento dos atletas; setas brancas: principal deslocamento da bola).

Na jogada ilustrada acima, em específico, o atleta posicionado na ala oposta, ou seja, na ala direita deverá sempre oferecer a opção de bola de segurança ao passe do goleiro, que também deverá ter como opção, dos demais jogadores da equipe, a bola de paralela e diagonal. Em síntese, na situação de perda de posse de bola, o goleiro deverá deslocar-se em direção ao seu gol, enquanto os demais jogadores adiantam a marcação para pressão, com dobra na marcação ao adversário que está de posse de bola.
Percebam que, para se chegar ao gol, todas as situações de estratégias utilizando-se do goleiro para atacar, se dá por meio da vantajosa superioridade numérica de jogadores sobre a equipe adversária. Além disto, é interessante que a equipe consiga adotar um padrão de movimentação ofensiva que não atraia os adversários para perto do goleiro, ou seja, observem nas ilustrações acima que a maior parte das movimentações se dão com o intuito de levar a marcação adversária para longe do goleiro. Caso os defensores se aproximem do goleiro, a equipe atacante deverá estar preparada para aproveitar os espaços fornecidos e atacar de forma objetiva.
Desta forma, assim como em qualquer outra estratégia no futsal, a jogada com o “goleiro-linha” exige intenso treinamento antes de ser colocada em prática, seja ela qual for, é necessário treinar muito, pois um deslocamento, chute ou passe errado possivelmente acarretará em gol adversário. Desta forma, independente do resultado no placar, para que o treinador adote a estratégia de “goleiro-linha”, é fundamental que os jogadores possuam maturidade e paciência para concluir a jogada somente no momento certo. Temos, hoje no futsal brasileiro, profissionais com o gabarito de Fernando Ferretti, PC Oliveira, Marquinhos Xavier, entre tantos outros, que frequentemente nos mostram como o goleiro pode ser útil nos esquemas táticos, revertendo placares adversos e assegurando vitórias, porém o que se vê em todos eles é o equilíbrio da equipe e a paciência em concluir a jogada somente no momento certo.

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