"Você pode estar na melhor equipe... Se não se superar, não superará o adversário."

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

ACORDO DE “CAVALHEIROS”(?)



"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. 
De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, 
a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto"
Rui Barbosa

Muitas vezes me pergunto até onde os seres humanos podem chegar para obterem alguma vantagem na vida. A cena a seguir ocorreu há pouco tempo atrás e foi relatada a mim, por um técnico que a vivenciou:

A competição de futsal encontrava-se em sua fase Final, válida pela categoria sub-17 masculino, e era promovida por uma importante Liga de Futsal do Estado de São Paulo.

De um lado uma equipe da mesma cidade da Liga, que (coincidentemente ou não) possuía o mesmo patrocinador da competição. Isso, por si só já seria muito estranho, afinal, certamente o patrocinador do campeonato possuía o interesse de que a equipe na qual patrocinava fizesse uma “boa campanha”. Sob o ponto de vista ético isso seria incabível. Havia uma combinação de interesses.

Esta equipe possuía dois atletas que estavam suspensos da partida Final, por motivo de acúmulo de cartões.

De outro lado, a “forte” equipe finalista adversária era de outra cidade. Chegou à final de forma invicta.

Ocorre que esta equipe “visitante” possuía alguns “adversários” em sua cidade de origem, que não a queriam ver campeã. Desta forma, dirigiram-se à equipe do “patrocinador” e relataram, juntando provas, que estes “visitantes” possuíam alguns atletas com idade adulterada. O famoso “gato”, no meio esportivo. Estes atletas irregulares teriam atuado durante todo o campeonato.

Com as provas em mãos, a equipe do “patrocinador” dirigiu-se à Liga de Futsal a fim de verificar os fatos e tomar as providências cabíveis.

Comprovou-se a denúncia. Os atletas eram, de fato, mais velhos. Suas categorias corretas seriam a sub-20. 


E agora, o que fazer?

O presidente da Liga chamou as duas equipes finalistas e argumentou-lhes que a exposição do ocorrido seria prejudicial a todos. Prejudicial para a Liga, por ter cometido este equivoco grotesco e permitido a inscrição de atletas irregulares; prejudicial para o patrocinador, que tinha vínculo em comum com uma das equipes envolvidas e, finalmente; prejudicial para a equipe “visitante” infratora, que seria desqualificada a disputar a decisão.

Sugestão ardilosa do Senhor Presidente, portanto, foi propôr um “acordo de cavalheiros” (sic), dando sequência à Decisão da competição. À equipe do “patrocinador” seria anulada a suspensão de seus dois atletas por motivo de cartões, permitindo-lhes, assim, atuarem na grande Final. Já à equipe “visitante”, que inscreveu atletas mais velhos e portanto, irregulares, esta não sofreria punição alguma e lhes seria permitido que estes atletas “gatos” disputassem a Final. Tudo isso no papel! Preto no branco, com a assinatura de ambos, concordando tacitamente.

Foi o que ocorreu. 

Realizou-se a partida Final “normalmente” (se me permitem assim dizer) e todos ficaram satisfeitos, com exceção ao técnico da equipe do "patrocinador", que viu seu time ser goleado pelos "gatos" na Final.

Agora pergunto: Acordo de “cavalheiros”? Parece-me mais um acordo de “canalhas”, isso sim...


E você? O que faria nesta situação?

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