“A primeira dificuldade que o jovem aprendiz
encontrará no jogo será Tática e não Técnica! Por isso a prioridade deve ser a
COMPREENSÃO do jogo, desenvolvendo o raciocínio tático, sem o qual não existe
atleta de qualidade. É comum treinadores acreditarem que “meia dúzia” de
repetições de passes, conduções ou finalizações, geralmente em 'fila', um após
o outro, fará daquele aprendiz um 'jogador de futsal'.
Isso é um erro, pois o futsal não é apenas motor, mas sim e também cognitivo e afetivo.”
Isso é um erro, pois o futsal não é apenas motor, mas sim e também cognitivo e afetivo.”
Um erro muito comum entre os treinadores é insistir no
trabalho analítico, onde o aluno/aprendiz observa o que deve ser feito,
memoriza e apenas repete o movimento.
Este, sem dúvidas, não é o melhor caminho se a intenção
do treinamento for a formação de atletas inteligentes e capazes de resolver
situações problemas.
Quando nos preocupamos em formar atletas, não queremos
que nossos aprendizes apenas imitem ou repitam movimentos, mas sim que sejam
capazes de compreender determinada situação de jogo e interfiram com excelência
na continuação da jogada. Esta interferência deve ser positiva sob o ponto de
vista tático.
Assim, somente conseguimos fazer com que o aprendiz tenha
uma resposta ótima aos problemas ali enfrentados, se ele estiver acostumado a
resolvê-los. Caso contrario, aquela situação de jogo fatalmente será uma
surpresa e, se isso ocorrer, ele estará desprevenido.
Em contrapartida, observa-se bons resultados em
métodos de trabalhos situacionais, ou seja, aquele em que o atleta, durante os
treinos vivencia diferentes situações para que, quando deparado com um momento
semelhante na partida, saiba como deve agir com o intuito de obter êxito sobre
seu oponente.
Desta forma não vejo melhor método de treinamento senão o
que o treinador insere em seus trabalhos as situações de jogo.
Penso que os métodos de treinamento devem ser pautados no
JOGO... No JOGAR e saber INTERPRETAR as situações da modalidade, aqui em específico
– o FUTSAL.
Obviamente, atletas que imitam ou apenas repetem os
movimentos não são capazes de compreender de forma autônoma o JOGO, pois apenas reproduzem.
É comum treinadores acreditarem que “meia dúzia” de
repetições de passes, conduções ou finalizações fará daquele aprendiz um
“jogador de futsal”. Isso é um erro, pois o futsal não é apenas motor, mas sim
e também cognitivo e afetivo. Desta forma, este pequeno individuo deve
conseguir tomar decisões (cognitivo), ao mesmo tempo em que corre e controla a
bola (motor), percebe o deslocamento de seu companheiro e do adversário que vem
em sua direção, tudo isso em que deve controlar-se e ignorar a pressão da
torcida e do adversário lhe puxando pela camisa (afetivo).
Por isso é possível afirmar que a prioridade seja a
compreensão do jogo, desenvolvendo o raciocínio tático, sem o qual não existe
atleta de qualidade. A primeira dificuldade que este jovem aprendiz encontrará
no jogo será Tática e não Técnica!
Jean Piaget definiu os três parâmetros de aprendizagem
como: Aprendizagem Motora, Aprendizagem Cognitiva e Aprendizagem Afetiva.
É comum vermos atletas que possuem uma boa habilidade
técnica ou controle de bola, por exemplo. Mas é raro encontrarmos atletas que
interpretam o jogo e manipulam esta leitura tática a seu favor. Alguns serão sempre “jogadores de bola”, já outros serão excelentes “atletas de futsal”.
Existirá sempre uma grande diferença entre os dois.
A tomada de decisão com qualidade é o que diferenciará o
“jogador de qualidade” do bom “jogador de bola”. Joga melhor aquele que
raciocina o jogo (Aprendizagem Cognitiva), coordena melhor as suas habilidades
motoras (Aprendizagem Motora) e possui uma boa inter-relação entre os
envolvidos na partida – companheiros de equipe, adversários e torcedores
(Aprendizagem Afetiva).
Para isso, porém é importante considerar o desenvolvimento motor normal
da criança, que está diretamente relacionada à maturação do sistema nervoso
central e músculo esquelético, de forma que o DESENVOLVIMENTO é a soma da
MATURAÇÃO (Diferenciações estruturais e funcionais do organismo que levam a padrões
de comportamento) com a APRENDIZAGEM (Enriquecimento das características da
criança, através do treinamento, experiências e observações).
Com isto é possível desconsiderar a afirmação de que o
“Atleta nasce feito!”... Pelo contrário! A história mostra que a formação de
nossas principais referências como atletas excelentes, mostram que desde
pequenos eles foram submetidos a ensaios e erros, além de muito trabalho.
Se apenas a genética fosse determinante para a formação
do exímio atleta, estaríamos repletos de pelézinhos e ziquinhos! O genótipo
(herança genética) é importante, mas o fenótipo (influencia do meio) é
determinante! O Meio onde este individuo está inserido e as oportunidades e
vivências em que ele se deparar ao longo de sua vida é que determinarão a
qualidade de sua formação. Não fossem criadas as condições para que nossos
ídolos se tornassem o que se tornaram eles não seriam o que são!
Tomada de decisão, resolução de problemas... Pautar o
treino em fazer o atleta pensar sobre o que faz e o porquê faz é primordial em
sua formação.
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