"Você pode estar na melhor equipe... Se não se superar, não superará o adversário."

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

TRABALHO ANALÍTICO X TRABALHO SITUACIONAL


“A primeira dificuldade que o jovem aprendiz encontrará no jogo será Tática e não Técnica! Por isso a prioridade deve ser a COMPREENSÃO do jogo, desenvolvendo o raciocínio tático, sem o qual não existe atleta de qualidade. É comum treinadores acreditarem que “meia dúzia” de repetições de passes, conduções ou finalizações, geralmente em 'fila', um após o outro, fará daquele aprendiz um 'jogador de futsal'.
Isso é um erro, pois o futsal não é apenas motor, mas sim e também cognitivo e afetivo.”


Um erro muito comum entre os treinadores é insistir no trabalho analítico, onde o aluno/aprendiz observa o que deve ser feito, memoriza e apenas repete o movimento.
Este, sem dúvidas, não é o melhor caminho se a intenção do treinamento for a formação de atletas inteligentes e capazes de resolver situações problemas.
Quando nos preocupamos em formar atletas, não queremos que nossos aprendizes apenas imitem ou repitam movimentos, mas sim que sejam capazes de compreender determinada situação de jogo e interfiram com excelência na continuação da jogada. Esta interferência deve ser positiva sob o ponto de vista tático.
Assim, somente conseguimos fazer com que o aprendiz tenha uma resposta ótima aos problemas ali enfrentados, se ele estiver acostumado a resolvê-los. Caso contrario, aquela situação de jogo fatalmente será uma surpresa e, se isso ocorrer, ele estará desprevenido.
Em contrapartida, observa-se bons resultados em métodos de trabalhos situacionais, ou seja, aquele em que o atleta, durante os treinos vivencia diferentes situações para que, quando deparado com um momento semelhante na partida, saiba como deve agir com o intuito de obter êxito sobre seu oponente.
Desta forma não vejo melhor método de treinamento senão o que o treinador insere em seus trabalhos as situações de jogo.
Penso que os métodos de treinamento devem ser pautados no JOGO... No JOGAR e saber INTERPRETAR as situações da modalidade, aqui em específico – o FUTSAL.
Obviamente, atletas que imitam ou apenas repetem os movimentos não são capazes de compreender de forma autônoma o JOGO, pois apenas reproduzem.
É comum treinadores acreditarem que “meia dúzia” de repetições de passes, conduções ou finalizações fará daquele aprendiz um “jogador de futsal”. Isso é um erro, pois o futsal não é apenas motor, mas sim e também cognitivo e afetivo. Desta forma, este pequeno individuo deve conseguir tomar decisões (cognitivo), ao mesmo tempo em que corre e controla a bola (motor), percebe o deslocamento de seu companheiro e do adversário que vem em sua direção, tudo isso em que deve controlar-se e ignorar a pressão da torcida e do adversário lhe puxando pela camisa (afetivo).
Por isso é possível afirmar que a prioridade seja a compreensão do jogo, desenvolvendo o raciocínio tático, sem o qual não existe atleta de qualidade. A primeira dificuldade que este jovem aprendiz encontrará no jogo será Tática e não Técnica!
Jean Piaget definiu os três parâmetros de aprendizagem como: Aprendizagem Motora, Aprendizagem Cognitiva e Aprendizagem Afetiva.
É comum vermos atletas que possuem uma boa habilidade técnica ou controle de bola, por exemplo. Mas é raro encontrarmos atletas que interpretam o jogo e manipulam esta leitura tática a seu favor. Alguns serão sempre “jogadores de bola”, já outros serão excelentes “atletas de futsal”. Existirá sempre uma grande diferença entre os dois.
A tomada de decisão com qualidade é o que diferenciará o “jogador de qualidade” do bom “jogador de bola”. Joga melhor aquele que raciocina o jogo (Aprendizagem Cognitiva), coordena melhor as suas habilidades motoras (Aprendizagem Motora) e possui uma boa inter-relação entre os envolvidos na partida – companheiros de equipe, adversários e torcedores (Aprendizagem Afetiva).
Para isso, porém é importante considerar o desenvolvimento motor normal da criança, que está diretamente relacionada à maturação do sistema nervoso central e músculo esquelético, de forma que o DESENVOLVIMENTO é a soma da MATURAÇÃO (Diferenciações estruturais e funcionais do organismo que levam a padrões de comportamento) com a APRENDIZAGEM (Enriquecimento das características da criança, através do treinamento, experiências e observações).
Com isto é possível desconsiderar a afirmação de que o “Atleta nasce feito!”... Pelo contrário! A história mostra que a formação de nossas principais referências como atletas excelentes, mostram que desde pequenos eles foram submetidos a ensaios e erros, além de muito trabalho.
Se apenas a genética fosse determinante para a formação do exímio atleta, estaríamos repletos de pelézinhos e ziquinhos! O genótipo (herança genética) é importante, mas o fenótipo (influencia do meio) é determinante! O Meio onde este individuo está inserido e as oportunidades e vivências em que ele se deparar ao longo de sua vida é que determinarão a qualidade de sua formação. Não fossem criadas as condições para que nossos ídolos se tornassem o que se tornaram eles não seriam o que são!
Tomada de decisão, resolução de problemas... Pautar o treino em fazer o atleta pensar sobre o que faz e o porquê faz é primordial em sua formação.


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