"Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas" (Albert Einstein)
É exatamente por acreditar nessas palavras, que pauto meu trabalho na criação de perguntas por parte do atleta, pois a partir delas, ele buscará as respostas e, obtendo-as, terá ampliado o seu repertório, seja ele cognitivo, motor, tático, técnico ou espiritual.
O treino deve ser rico em situações problemas, gerações de dúvidas e conflitos cognitivos de modo a tirar o atleta constantemente de sua "zona de conforto", estimulando o mesmo, através da vivência, na busca constante por suas próprias respostas. Caso contrário, ou seja, se eu oferecer respostas e receitas prontas para os atletas, o tempo todo, no treinamento, irei torná-los extremamente dependentes de minhas intervenções no momento em que eles mais precisarem, ou seja, no jogo! Em síntese, terei atletas preguiçosos a pensar!
Um treino cheio de respostas prontas não favorece o desenvolvimento e a autonomia do atleta.
Você já deve ter observado o "treinador narrador", aquele que fica o tempo inteiro "narrando" na beira da quadra o que seus atletas devem fazer: "toca aqui, toca ali, volta, marca, passa, chuta...". Muito provavelmente o treino desta pessoa é pautado em respostas prontas ("olha: você vai correr por aqui, aí você vai passar a bola para ele e vai correr para lá, aí ele coloca a bola para o fundo, trás para dentro novamente passa para você novamente, que já estará na 'segunda trave' e faz o gol!"), ok! Mas e se as coisas saírem do escript?
Como diria Garrincha "mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?". Afinal, do outro lado possui uma outra equipe! O grande problema dessas jogadas "decoradas" é que "engessa" tanto o sistema, quanto os próprios atletas!
Imagine, no decorrer do jogo (cheio de pressões, imprevisibilidades e incertezas) a dificuldade destes atletas em lembrarem-se de todos os movimentos "decorados"? No fim das contas, a partida mais se parece com um jogo de vídeo game, com o treinador tentando movimentar os "bonecos" à sua maneira... Impossível, pois ele não tem o "controle" nas mãos! Diferentemente do treinamento, onde ele consegue manipular tudo da forma como preferir...
Para deixar claro, não sou contra o treinador orientar sua equipe na beira da quadra durante o jogo, muito pelo contrário! Senão, qual seria a essência dessa função? O que estou dizendo é que se forem oferecidos situações onde o atleta possa, durante a rotina do dia a dia, acostumar-se a buscar (e encontrar) as suas respostas sozinhos, para as situações problemas que lhes são apresentadas durante o jogo (aí sim, que é exatamente onde importa) eles serão muito mais autônomos e independentes! Serão inteligentes! Pensantes! Resultado, coletivamente você terá uma equipe com leitura e entendimento sobre o jogo.
Então, no jogo, o treinador poderá contribuir com os atletas orientando-os, advertindo-os e, porquê não, relembrando-os em situações pontuais da partida. Penso que, informações em excesso para o atleta, durante o jogo, apresenta mais pontos negativos do que positivos.
A melhor parte desta reflexão toda é que, preparando os atletas na busca de respostas e certificando-se de que as encontraram, o treinador não precisará combinar nada com os "russos", antes!
Talvez este mesmo raciocínio se aplique na vida, se substituirmos as palavras treinamento por "educação", atletas por "filhos", jogo por "vida" e treinadores por "pais", mas aí já é outro departamento... Vou deixar para quem é do ramo!
Até a próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário